Quiet quitting e resenteeism: comportamentos de jovens profissionais demandam atenção
Novas tendências são observadas entre trabalhadores das gerações Z e millennial, que priorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Dados da empresa de software de gerenciamento de projetos Workamajig revelaram que comportamentos como a demissão silenciosa, do inglês quiet quitting, e o ressentimento corporativo, ou resenteeism, são algumas das tendências predominantes nos profissionais mais jovens. Em busca de mais motivação no trabalho, essa é uma resposta à cultura agitada de excesso de labor e uma maneira de resistir a ambientes considerados exploradores ou tóxicos.
As informações foram baseadas no número de visualizações que as hashtags receberam no TikTok. De acordo com a diretora de marketing da Workamajig, Esther Cohen, em entrevista ao portal estadunidense Business Insider, as novas tendências são observadas entre trabalhadores das gerações Z e millennial, que exigem mais autonomia, flexibilidade e controle, priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
As atitudes são feitas em detrimento a ambições profissionais convencionais, além de reivindicarem salários melhores e multibenefícios corporativos, por exemplo. Nesse sentido, é importante que as empresas estejam atentas aos novos comportamentos para se adequarem e exigirem qualificação e dedicação dos trabalhadores.
Em um cenário em que a retenção de talentos é fator relevante para a sustentabilidade das organizações, é preciso adotar políticas que promovam um ambiente de trabalho saudável, valorizem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e ofereçam flexibilidade e oportunidades de desenvolvimento. Assim, manter o diálogo e se adaptar para atender às expectativas dos profissionais mais jovens é uma maneira de manter a competitividade no mercado atual.
Comportamentos refletem desejo por flexibilidade
O levantamento da Workamajig usou o TikTok como base devido à observação de a rede social ter se tornado um espaço fértil para tendências virais no local de trabalho. Os colaboradores passaram a usar essa via de comunicação para desabafar e compartilhar experiências, dicas e truques sobre como se portar e vivenciar o cotidiano no emprego.
Segundo a diretora de marketing da empresa responsável pela pesquisa, a geração Z tem liderado a onda de tendências de trabalho que viralizaram no TikTok e se demitido em uma taxa mais alta em comparação a outras gerações mais velhas. Cohen lembra ainda que os profissionais desse grupo etário apresentam a maior probabilidade de deixar o emprego caso se sintam insatisfeitos ou infelizes em seu local de trabalho.
Foram apontadas 10 tendências principais para o local de trabalho no TikTok que, juntas, acumularam mais de um bilhão de visualizações em 2023. A principal delas é a demissão silenciosa, termo que surgiu em referência aos profissionais que decidem não trabalhar além do necessário ou até menos. O intuito é fazer somente o que foi contratado para fazer, ou seja, apenas a obrigação, até ser mandado embora.
A segunda tendência com mais força entre os jovens profissionais é a act your wage ou “agir conforme o seu salário” – uma referência à expressão “agir conforme a sua idade”. Essa atitude é semelhante à anterior, referindo-se ao ato de exercer as tarefas do trabalho de acordo com o estabelecido em contrato e nada além disso.
A ideia é realizar atividades compatíveis com a remuneração recebida. Os adeptos dessa proposta afirmam que essa é uma forma de estabelecer limites entre o trabalho e a vida pessoal.
O quiet firing, uma demissão silenciosa praticada pelos empregadores, é uma espécie de resposta ao quiet quitting e ocupa a terceira posição na lista. É uma forma dos líderes dispensarem os funcionários sem precisar demiti-los e pagar as devidas indenizações.
A dinâmica envolve promover mudanças que tornem o ambiente ou as atividades desagradáveis, como excluir o colaborador de reuniões importantes, acabar com benefícios e negligenciar promoções. Tudo isso na tentativa de que os profissionais saiam da empresa por conta própria.
O ranking das tendências comportamentais dos profissionais mais jovens incluem ainda a candidatura por raiva, que ocorre quando funcionários deixados de lado em uma promoção, se sentem subestimados ou negligenciados por seus gestores ou consideram que não recebem um salário justo, por exemplo, se candidatam a outros empregos pela força da raiva.
Quiet hiring ou contratação silenciosa – quando chefes alocam colaboradores para atender necessidades do trabalho sem contratar novos profissionais – também está em alta. As tendências incluem ainda práticas como bare minimum monday, em que os funcionários começam a semana de maneira relaxada para equilibrar vida pessoal e profissional; e o amortecimento de carreira, que envolve preparar-se para possíveis mudanças no emprego, mantendo redes de contatos ativas.
Além disso, há o fenômeno do funcionário bumerangue, que faz referência àquele que retorna a antigos empregos em busca de benefícios, e o resenteeism, ou ressentimento corporativo, em que os profissionais não querem mais o emprego, mas ficam nas vagas insatisfeitos, devido à incerteza do mercado de trabalho.
O choque de mudança é o décimo comportamento apontado, quando novos trabalhadores se decepcionam com a realidade do serviço depois da contratação.
Dessa forma, promover o diálogo e a escuta ativa das demandas das novas gerações é fundamental para construir um futuro do trabalho mais próspero e sustentável, onde todos possam se desenvolver e contribuir para o sucesso da organização. Através da colaboração e da valorização da diversidade, empresas e profissionais podem construir um futuro promissor para o mundo do trabalho.